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sexta-feira, 11 de julho de 2008

A franco-colombiana Ingrid Betancourt e sua família assistem cerimônia no Senado da França. ,refem libertada,foto

A franco-colombiana Ingrid Betancourt e sua família assistem cerimônia no Senado da França.
Betancourt: 'Colômbia está isolada na região'
Em entrevista à BBC, ex-refém disse que seu país só pode contar com o Peru na região.
A ex-refém do grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ingrid Betancourt, disse que "a Colômbia está isolada na região" e que "não teria votado em (Álvaro) Uribe" por causa de suas diferenças políticas com o presidente da Colômbia.
Em entrevista exclusiva à BBC Mundo, em Paris, ex-refém disse que a Colômbia pode contar apenas com o Peru, presidido por Alan García. Mas fora isso, a Colombia "está isolada na região".
"Há vezes em que a Colômbia vai na contramão em relação aos demais países da América Latina porque a situação da Colômbia é diferente da de todos os demais. É o único país que tem guerrilha e por isso estamos na extrema direita."
"Quem elegeu Uribe foram as Farc. Se não existissem as Farc, não existiria Uribe. Os colombianos votaram em Uribe porque estão até o pescoço com as Farc."
Esquerda
Betancourt afirmou que tem uma divergência "fundamental" com o Uribe: a natureza da guerrilha.
"Uribe concebe o problema colombiano como uma crise de violência, de segurança, e esta crise de segurança, esta violência, é o que cria um mal-estar social. Eu penso o contrário. Eu penso que é porque há um mal-estar social que há violência. Estas interpretações diferentes fazem com que as políticas para atacar o problema sejam diferentes."
A ex-refém não descartou uma possível candidatura à Presidência.
"A verdade é que penso que os espaços têm que se abrir naturalmente. Se vejo em algum momento que é bom para a Colômbia que eu esteja aí, estarei."
Ideologicamente "sempre serei de esquerda", disse Betancourt. A pessoa "tem que estar onde as pessoas sofrem, onde pode fazer a diferença".
Para ela, "as Farc não são de esquerda. A mim, me parece que são da extrema direita de alguma esquerda de um tempo pré-histórico. Mas de esquerda não são".
Chávez
Betancourt fez um pedido ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e ao do Equador, Rafael Correa, em tentativas de mediação junto às Farc para a libertação de reféns.
"Não me importa que Chávez tenha contato com as Farc, se este contato com as Farc faz com que Chávez tenha influência sobre eles e que, através desta influência possa convencê-los a libertar meus companheiros."
"A única coisa que peço a Chávez e a Correa é que entendam que as mudanças na Colômbia sejam feitas por via democrática e que eles têm que contar com o presidente da Colômbia."
A ex-refém disse que não foi bom que "Chávez tenha começado a vociferar e a utilizar um vocabulário que depois acabou com a possibilidade de qualquer tipo de comunicação com Uribe".
"Acredito que nisso Chávez se equivocou."
Mas a ajuda do presidente venezuelano ainda é valiosa na opinião da ex-refém.
"Ficaram outros e, de todas as formas, vamos continuar precisando de Chávez e então precisamos que se volte a fazer estas pontes."
Em uma outra entrevista a uma emissora à Rádio França Internacional, Betancourt disse que o governo colombiano deveria abrir mão do "vocabulário de ódio" contra os seus seqüestradores.
A ex-refém quer que as autoridades adotem um tom mais conciliatório para com as Farc para conseguir a libertação de mais pessoas que estejam nas mãos do grupo guerrilheiro.
As Farc, em luta contra o Estado colombiano há quatro décadas, mantém até 700 reféns em seu poder.

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